Sobre meninos e lobas

Ultimamente ando sentindo uma coisa que fazia tempo,
assim, muito tempo que não sentia, um certo
constrangimento em ser mulher, mulher mais velha,
(madura me sinto a um passo de apodrecer).
Lembra daquele filme em que a coroa fica louca pra dar
em cima do Dustin Hoffman e ele, com aquela cara de que
é comigo, fica olhando pros lados achando, meu essa
dona é doida? (sinceramente a Anne Bancroft tinha jeito
de doida no filme, sim.)
Hoje isso não chega nem aos pés....os meninos é que dão
em cima descaradamente. Claro, tem as que dão e
preferem, se dizem ótimas, se alimentam como vampiras
da juventude deles, afinal eles estão numa disposição
infindável. Inclusive me falaram que isso faz bem pro
ego. No início faz, sim.
Não são só jovens que tem vigor, homens mais velhos
também, não falo disso. Falo do que eles vêem em uma
mulher mais velha. Não vejo uma entrega por parte
deles, vejo outra coisa.
Vejo a facilidade de se encantar.(comer, traduza-se.)
Vejo assim, uma mulher, em tese, segura, dona de si,
faz o que quer, sem grilos, nem problemas,
experiente(risos), determinada, que sabe fazer tudo
para agradar um homem, inteligente, sagaz, ou seja, uma
coisa, né?
Uma coisa que dá medo na gente.
Queria que homens enxergassem na gente mais que isso.
Que somos mais e menos. Que temos sentimentos e que
sabemos o possível das coisas também.
Podem insistir, mas não achem que quando damos um não,
é porque somos frígidas ou recalcadas.
Disse um não um dia desses e ouvi isso: como você pode
saber o que é certo ou errado, você não me conhece?
Mas eu conheço a vida e a experiência me diz que não.
Uma coisa é um homem mais novo alguns anos, outra é um
que podia ser meu filho. Ana Maria Braga que me perdoe, acho ela uma mulher
admirável, mas ela escolheu ser feliz, nem que fosse
por pouco tempo. Ela tem coragem, sim.
Eu acho que tenho coragem também, mas quero ser mais
feliz que ela.

G.P.